domingo, 8 de agosto de 2010

nos fins-de-semana a mariana vai passear com a ana e diz que está com o afonso. nesse verão o sol queima os braços, e quando se vêm com os olhos entreabertos estão sempre cor-de-laranja como flores cheias para sempre. correm pelas ruas de mãos dadas e riem-se desses sonsos que não lhes conhecem o amor, do carinho que se prometem em cada toque e cada olhar, do segredo bonito que não é de mais ninguém. à noite dão-se cansadas às escondidas que jogaram de dia, e de cada vez acham-se mais parecidas, iguais e simétricas. o verão é muito mais presente porque não tem futuro. no fim, uma cansa-se mais depressa e a outra finge não estar à espera. dizem adeus como sempre se diz adeus, como mesmo os que batem mais fundo dizem adeus. e passam o tempo, às vezes mais uma, às vezes mais a outra, abraçadas aos dias cor-de-laranja que de serem só delas e agora serem só de uma ou de outra já quase não existiram.

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